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OBESIDADE E SAÚDE MENTAL EM ÉPOCA DE PANDEMIA.

Em boa parte do país, milhões de pessoas estão reclusas em casa, saindo para fazer somente o essencial. Algumas delas nem isso, como é o caso de pessoas consideradas grupo de risco como as que tem obesidade. Diante de uma crise sem precedentes na história contemporânea e que já exige resposta de clínicos e pesquisadores em saúde mental, é esperado que estejamos frequentemente em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às incertezas do momento.

Estima-se, que entre 30 a 50% da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma alteração de saúde mental, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado para as reações e sintomas manifestados. Muitas dessas pessoas já tinham um diagnóstico prévio em saúde mental e acabaram interrompendo o acompanhamento com medo de contaminação pelo vírus, restrições de circulação impostas pelas autoridades, redução do atendimento a grupo de risco, início de dificuldade financeira , entre outros fatores que pioram um quadro já estabelecido.


É importante destacar que nem todos os problemas psicológicos e sociais apresentados poderão ser qualificados como doenças, a maioria será classificado como reações normais diante de uma situação anormal e deverão ser acolhidos, devidamente trabalhados para que não ganhe proporção a se transformar em doença e em outros casos será necessário a intervenção mais específica de profissionais como psicólogos e psiquiatras.

A felicidade não é uma obrigação, ainda mais no momento que estamos vivendo; o medo é importante até certo ponto para nos gerar prudência, o que não podemos deixar é que ele nos paralise e fique desproporcional. É importante compreender que saúde mental não é o mesmo que felicidade, saúde mental tem relação com a capacidade acolher, de lidar e de elaborar nossos afetos, sejam eles bons ou ruins, felizes ou não e gerar estratégias de enfrentamento.


Como proteção à saúde mental pode-se tentar reconhecer e acolher receios e medos, retomar estratégias de cuidado que tenha usado em outros momentos de crise ou sofrimento e que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional; manter mesmo dentro de casa uma rotina básica ( de sono, alimentação, atividade física) , se possível expondo-se a luminosidade natural (Sol), investir em exercícios e ações que ajudem na redução do nível de estresse (meditação, leitura, exercícios de respiração, ver filmes, cuidar de plantas, animais, cozinhar, entre outros mecanismos que ajudem a situar o pensamento no momento presente, para evitar o saudosismo do passado e a incerteza do futuro).


Para quem está trabalhando durante a epidemia, se possível garanta o uso de equipamentos de proteção individual, pausas sistemáticas durante o trabalho , evitar o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual; buscar colegas de trabalho que possam compartilhar das mesmas dificuldades e tentar encontrar soluções em comum, estimulando ações compartilhadas de cuidado .


Faz-se importante evitar o uso do tabaco, álcool, outras drogas ou alimentação irregular para lidar com as emoções. Outra estratégia importante é buscar fontes confiáveis de informação como o site da Organização Mundial da Saúde e reduzir o tempo que passa assistindo ou ouvindo coberturas midiáticas.


Caso as estratégias recomendadas não sejam suficientes para o processo de estabilização emocional ou se já estava passando por algum tratamento psiquiátrico, busque auxílio de um profissional de Saúde Mental, um exame mais cuidadoso pode evitar intensificação de quadros ou recaídas


Dra. Caroline Amaral

Médica psiquiatra do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do

CAPS adulto Paraisópolis

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